A criança associa ao prazer do gesto, o prazer da inscrição, a satisfação de deixar a sua marca. Através do desenho ela cria e recria individualmente formas expressivas, juntando a percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade.
E é experimentando traços aparentemente sem nexo - as chamadas garatujas - que as crianças pequenas desenham na tentativa de representar o que interpretam do mundo à sua volta. Nos primeiros anos de escolaridade, é particularmente importante explorar sem amarras esse tipo de produção.
A criança ao desenhar, passa por diferentes estádios (etapas) que definem formas de desenhar que são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade.
AS GARATUJAS OU FASE DO RABISCO
A partir de bom repertório de informações a criança passa a agarrar lápis e canetas e a esfregá-los sobre qualquer superfície. É o início das garatujas. Como ainda não tem controle dos músculos dos braços e da mão, faz movimentos amplos de ir e voltar. Esta é a etapa das “garatujas desordenadas”.
Com essas garatujas a criança alcança uma certa maturidade neurológica. Alguns meses depois, consegue fazer movimentos curtos e longos. A principio, casualmente e, por fim, se nota uma certa intenção. São as “garatujas ordenadas”.
Mais tarde, a criança faz um risco e diz que é o pai, a mãe, o cachorro ou outro objeto qualquer. É a fase das “garatujas nomeadas”.
A seguir, aparecem em seus rabiscos linhas arredondadas. Essas linhas se fecham por volta dos 2 anos e meio, quando a criança passa a fazer “bolinhas”.
Fechar um circulo e começar outro, em outro lugar da folha, representa uma importante maturação neurológica.
Essa maturaçao representa a conquista do chamado “freio inibitório”, isto é, significa que a criança já é capaz de controlar os músculos da mão e do braço, fator importante para a escrita. Com os círculos fechados, ela volta-se novamente para os traços, que agora ficam soltos ou se cruzam sobre outras linhas.
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA FIGURA HUMANA
A primeira figura humana é bem rudimentar. É composta por um circulo grande com traços que partem dele (círculo irradiado).
Algum tempo depois, começa a chamada “fase girino”. A figura humana é composta de um círculo grande (cabeça) onde alojam os olhos e a boca. Desse círculo partem braços (quando há) e pernas.
Com as percepções da criança ao se movimentar, em breve o corpo aparece ligado à cabeça em seus desenhos. As pernas alojam-se no lugar adequado e, geralmente, são longas. Isto porque, precisam delas para andar, correr e brincar. Aparecem os pés com formato circular. Os braços são proeminências e podem partir do corpo ou da cabeça.
Enquanto novas percepções amadurecem, o desenho da figura humana vai sofrendo algumas alterações: a cabeça diminui desproporcionalmente em relação ao corpo e aparecem os braços como pequenas projeções à altura do pescoço e sem mãos. Podem aparecer cabelos e orelhas, mas não é regra. Aos poucos, os braços vão para a posição normal, encompridam e voltam a aparecer mãos. Essas observações ocorrem com a tomada de consciência do próprio corpo.
Reparando nessas figuras, pode-se notar que ora se alongam, ora encurtam.. Braços e pernas ficam mais compridos ou mais curtos. É nesta fase que a criança se encanta com as cores. Então, passa a desenhar figuras humanas verdes, amarelas, vermelhas, azuis etc. Novos elementos são incorporados a esse desenho. Os cabelos passam a ter uma tendência mais curva, os pés podem ser mais compridos e finos, e nas mãos, aparecem os dedos, em formato de bola ou grossos e compridos.
O importante é que todas as figuras humanas até os 5 anos, mais ou menos, são assexuadas, isto é, representam tanto meninos como meninas.
Por volta dos 6 anos, é a época em que os desenhos das crianças começam uma nova fase. É a fase de criação dos esquemas, sejam eles de figuras humanas ou dos objetos ao seu em torno.Algumas crianças já percebem e colocam a linha de chão.
O esquema é uma forma básica, um jeito fácil de que a criança se vale para desenhar o que quer ou o que precisa. Existe o esquema de flor, de casa, de carro, de figura humana. Os esquemas servem de base para o desenho de outros objetos Ex uma casa pode virar um castelo. Um cão pode se transformar um gato, numa onça ou num leão. A árvore pode ganhar frutos, perder sua copa ou ganhar novos galhos. O esquema de pato, pode se transformar num lindo cisne, num gavião ou nua ave que voa no céu.
Com novas observações e experimentações, o esquema vai sendo alterado para ganhar verticalidade.
Aos 7 anos e definido o esquema de figura humana, a criança desenhará pessoas do seu convívio, todas do mesmo jeito. Ganham roupas com a qual definem o sexo e apresentam uma riqueza de outros detalhes que tornam as figuras humanas mais realistas.
Até agora, as figuras permaneciam estáticas. A partir dos 8 anos de idade, as figuras ganham movimento. São movimentos ainda tímidos, mas que melhoram dia a dia, dependendo da freqüência com que desenham.
Referências:
COX, Maureen. Desenho da Criança. Martins Fontes, SP, 2001
GREIG, Philippe. A criança e seu desenho: o nascimento da arte e da escrita. Artmed, Porto Alegre, RS, 2001
LOWENFELD, Victor; BRITTAN W.L. O Desenvolvimento da Capacidade Criadora, Ed Mestre Jou, SP, 1970
Blog: http://milmaneiraspedagogia.blogspot.com/2011/02/crianca-e-os-desenhos-ii.html e
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/importancia-garatuja-educacao-infantil-crianca-520247.shtml
Alô. sou a Sueli Freitas, que escreveu a materia acima. Fico muito feliz por tê-la escolhido e ter sido divulgada no seu blog. Obrigada. Ficou bonita no seu blog.
ResponderExcluirAchei interessante, pois tenho uma filha de 2 anos e 9 meses e está começando a fazer as suas...
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