O medo faz parte da natureza humana, é uma emoção desagradável que se dá quando a criança sente que existe um perigo real ou imaginário.
É um estado emocional que ativa os sinais de alerta do corpo perante os perigos e é uma importante etapa no desenvolvimento de cada criança. Uma certa dose de medo é uma ajuda para a sobrevivência.
Todas as crianças têm medo em algum momento da sua infância, embora existam crianças mais medrosas que outras. Alguns medos como a percepção do estranho a partir dos seis meses, fazem parte do desenvolvimento da criança e este indica que a criança tem um desenvolvimento considerado adequado, embora alguns medos possam desencadear-se a partir de alguma experiência menos agradável.
Identificar a origem ou mesmo a existência do medo exige dedicação. É preciso estar atento aos sinais demonstrados pela criança e saber conversar com ela sobre o que lhe causa esse medo. A atitude dos pais é fundamental, é importante que falem com naturalidade dos medos para que a criança os aceite e os exprima. Os contos e os jogos em família são importantes em todo o processo de desenvolvimento, tendo na fase dos medos um papel fundamental. Por exemplo, os contos infantis facilitam o contato com o medo. A criança vive, através do protagonista, conflitos e momentos de medo que acabam por ser resolvidos e pede muitas vezes para os pais repetirem a mesma história. Os contos lidos ou explicados pelos pais são a melhor maneira de viver e partilhar todas as emoções para que a criança não se assuste. Alguns jogos infantis como as escondidas são muito importantes na brincadeira, pois também ajudam a suportar por exemplo a inquietude da solidão e do escuro. Algumas crianças ficam tão inquietas que se não forem logo encontradas acabam por abandonar o esconderijo. As mais pequenas adoram que o adulto demore a encontrá-las.
Se os medos não interferirem na vida da criança são considerados normais e o mais provável é que desapareçam sozinhos. A maior parte dos medos infantis desaparece espontaneamente por volta dos oito anos, alguns podem persistir até à adolescência ou por mais algum tempo. Para que os medos sejam considerados normais, não devem interferir na vida quotidiana da criança, caso contrário será importante consultar um especialista.
Para compreender melhor os seus filhos é importante que os pais saibam quais os medos habituais em cada idade. Veja abaixo:
Em bebês:
Durante o primeiro ano de vida, o bebê é sensível a estímulos intensos, por exemplo perante barulhos estranhos ou altos e luzes intensas chora para mostrar o seu mal-estar. Por volta do oitavo mês a criança assusta-se quando algum estranho se aproxima de si. É uma reação normal e necessária para o desenvolvimento psicológico da criança. Nesta idade a criança sente-se segura quando está com pessoas conhecidas e considera perigoso o desconhecido.
Entre os dois e os quatro anos: Neste período predomina o medo dos animais, primeiros dos grandes e depois dos pequenos. Algumas crianças manifestam medo de pessoas mascaradas mostrando alguma prudência mesmo com os palhaços. Surge também o medo do escuro, que é o equivalente ao medo de estar sozinha. Por este motivo a partir do segundo ano pode começar a ter dificuldade quando vai para a cama tendo por vezes medo em adormecer, pedindo muitas vezes aos pais para deixarem a porta aberta. É conveniente aceitar este pedido, mas deve-se ir encostando progressivamente a porta até que a criança se habitue ao escuro. Por volta dos quatro anos, os pesadelos são frequentes, muitas vezes a criança pode acordar a gritar, sem saber exatamente o que sonhou.
Até aos seis anos: Por volta dos cinco anos a criança começa a ter medo do dano físico. É a fase da imaginação fértil, que se pode intensificar na hora de dormir, existindo fantasias assustadoras, os seres imaginários como animais e monstros. Podem surgir receios aos espaços abertos e cheios de gente.
Nestas idades, o medo costuma contagiar-se, por isso algumas crianças sensíveis sentem mais medo quando estão com pessoas medrosas.
Dos seis aos oito anos: Predomina o medo das sombras, fantasmas ou ladrões. São receios em relação ao invisível. Aos oito anos a criança começa a estar muito sensível ao tema da morte, descobre a morte como fim a qualquer instante e tudo o que acaba a inquieta.
A criança tem maior consciência do perigo e às vezes de uma maneira exagerada, por exemplo se os pais saírem de casa sem ela, receia que lhes aconteça alguma coisa. Embora a criança nesta idade já seja muito autônoma, continua a precisar muito dos pais e receia perdê-los, este medo pode manifestar-se através de queixas, de mal-estar físico e cansaço que se repercutem no rendimento escolar.
Dos nove aos doze anos:
As crianças têm medo dos incêndios, acidentes e doenças graves. Também surge o medo quando os pais discutem, pois receiam que se separem. Aparecem medos relacionados com a escola, tais como, a possibilidade de repetirem o ano, o fato de tirarem más notas e os pais poderem receber algum aviso de mau comportamento.
"Brinque com o seu filho e entre na fantasia dele. As experiências lúdicas ajudam a lidar com as suas ansiedades, o bicho mau é um exemplo"
COMO LIDAR COM O MEDO:
O medo pode proteger a criança de situações realmente perigosas. É importante estabelecer limites e orientar os filhos sobre coisas que podem representar riscos a sua segurança, como escadas, janelas, tomadas, piscinas e o trânsito.
O que os pais não devem fazer é criar temores de origem fantasiosa nos filhos para convencê-los a obedecer, como por exemplo, dizer que o homem do saco ou o bicho-papão vão pegá-los. Essas ameaças não educam e podem criar uma ansiedade desnecessária nas crianças.
"O bicho-papão é a função limitadora que alguns pais - por falta de conhecimento - usam para substituir o respeito que sua fala proibitiva, por si só, deveria colocar como limite", diz a psicóloga Marilza Mestre.
- Dar atenção, questionar e estimular a criança a enfrentar o medo. Ela encontrará sozinha uma solução para as suas fantasias.
- Não fale demasiado sobre o assunto para evitar que a criança fique mais ansiosa.Mude de assunto e distraia.
- Fale sempre a verdade sobre os medos reais para que a criança tenha a noção de perigo. Ela tem de saber por exemplo que as escadas e as piscinas representam alguns riscos, mas não é preciso exagerar.
- Brinque com o seu filho e entre na fantasia dele. As experiências lúdicas ajudam a lidar com as suas ansiedades, o bicho mau é um exemplo.
- Bonecos e brinquedos treinam a criança para a vida. As crianças gostam de representar em brincadeira o sentimento de medo frente a uma situação real, como a ida a um hospital.
- Faça a apresentação formal das pessoas para que a criança saiba que aquele estranho tem autorização dos pais para se aproximar.
- Ofereça objetos para que a criança se sinta mais segura, principalmente na hora de dormir. São os objetos aos quais chamamos transacionais e que reduzem a ansiedade da criança até adormecer.
- Avalie a intensidade do medo e fique atenta para o limite da normalidade, que faz parte da rotina saudável da vida.
- Não use o medo como meio de poder. Para além das ameaças serem desagradáveis reforçam o medo.
Texto: Sandra Antunes, Téc. Sup. Educação Especial e Reabilitação, Psicomotricista, Centro de Desenvolvimento Infantil Estímulopraxis
o Francisco tá na fase da imaginação e fantasias assustadoras... e nós estamos dando aquela força.... e, claro, curtindo também estas experiências.
ResponderExcluirseu blog é super informativo adorei e já estou seguindo....já até falei em um dos meus posts do medo do miguel em dormir sozinho,agora tbm o medo é de insetos....
ResponderExcluirbjss
te convido a dar uma passadinha lá no meu: http://bebelezura.blogspot.com/
ficarei feliz de te ver por lá...até mais